A função social da Universidade


A função social da Universidade: diálogos além fronteiras. CORREIA, Fábio Caires; CASTRO, Gillianno Mazzetto de. (Orgs). Porto Alegre, RS: Editora Fundação Fênix, 2021.

De autoria de Fabio Caires e Gillianno Mazzetto, é publicado com o logotipo da Cátedra Unesco de Juventude, Educação e Sociedade da Universidade Católica de Brasília. Este é um livro que se propõe pensar o papel social da universidade com vozes de múltiplos lugares, estilos, olhares e realidades: eis o nosso escopo. Uma obra atravessada e irmanada por uma história para muitos desconhecida, mas que marca o desenvolvimento da humanidade. Eis a nossa música de fundo. A universidade, seja ela como queiram nominá-la, desde a Eduba suméria, passando pela Nalanda indiana, cruzando os desertos e encontrando refrigérios nos Oásis das Madaças árabes, cruzando os olivais europeus e chegando as terras da promessa portuguesa, isto é, o Brasil sempre portaram consigo o cheiro do infinito. Há nelas o signo da utopia e dentro delas, muitas vezes de maneira soturna, anoitecida, o pulsar do chamado. O vocativo pertinente e inerente a cada ser humano. Ad astra! Isto é, para o alto. As universidades como lugares do dever ser e do devir a ser. Elas, como habitações do Já-e-ainda-não cultivam-se nos horizontes da profecia, do professorado e da esperança. Por que profecia, professorado e esperança? Profecia, pois, estas instituições deveriam ser leitoras inteligentes da realidade, elas são aquelas que pro – “à frente, adiante” pheme “palavra”, ou seja, aquelas que põem a palavra adiante, aquelas que anteveem. Professorado porque, pro- “à frente, adiante” e fari “fala”, são aquelas que falam publicamente, falam diante. Esperança porque é nelas que as gerações são formadas. É nelas que os discentes, aqueles que aprendem, tornado-se discípulos, aqueles que seguem, constroem o presente amanhecido do mundo da vida. Perguntarmo-nos sobre o papel social da universidade, principalmente no século XXI em um contexto no qual o mundo foi assolado por uma pandemia significa redescobrir essa intuição original. A universidade não como um lugar de informação apenas, mas como um espaço de encontro no qual a tradição dos povos é acolhida, ruminada, compartilhada, retrabalhada, ampliada e devolvida sob a forma de ensino, pesquisa e extensão, ou valendo-nos de uma roupagem clássica, debaixo do véu do discipulado, do conhecimento e da comunidade. A universidade está imersa na sociedade, em correspondência eficiente com ela, de forma dialógica e recíproca, assumindo uma função social. Sua atividade não pode se ajustar apenas à prática acadêmica, mas à sua missão socialmente comprometida.